sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Liberais, mas nem tanto

Nos séculos XVIII e XIX o grande embate existente no campo da economia política era entre o liberalismo de Adam Smith (1723-1790) e a intervenção do Estado na economia de Karl Marx (1818-1883).

Durante muito tempo foi pregado por todos que Smith teria vencido o embate, uma vez que os modelos liberal e neoliberal predominaram durante o século XX e início do século XXI, mas, os burgueses aprendem com seus erros e não querem uma nova crise como a de 1929, quando ocorreu a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque.

Por isso, quando lemos a notícia de que os bancos centrais das principais economias do mundo injetaram mais de US$ 380 bilhões em seus respectivos mercados financeiros para tentar acalmar os investidores e conter a crise da inadimplência no setor de hipotecas dos Estados Unidos, vemos que nem sempre a diferença entre as posições é clara.

O Banco Central Europeu, o Federal Reserve (EUA), o Banco do Japão, o Bank of England e os bancos centrais de Canadá, Suíça numa ação conjunta injetaram US$ 250 bilhões em seus mercados. Hoje o banco da Rússia injetou mais US$ 130 bilhões.

A intervenção do Federal Reserve foi histórica: primeiro liberou US$ 200 bilhões para tentar salvar as companhias de hipoteca Fannie Mae e a Freddy Mac, depois com mais US$ 85 bilhões encampou a seguradora AIG. E essa semana o banco de investimentos Lehman Brothers não conseguiu cobrir um rombo de mais de US$ 600 bilhões e caiu.

É interessante: quando se diz que é necessário utilizar o Estado para garantir uma vida digna aos necessitados isso é marxismo, comunismo e é execrado. Agora, utilizar bilhões de doláres do mesmo Estado para salvar os especuladores que lucram da miséria dos necessitados, aí é liberado.

Isso demonstra a falência do modelo de Adam Smith e a ascensão das teorias de Marx (mesmo que completamente deturpadas). Afinal, o que vemos hoje é que os comandantes do imperialismo mundial são liberais...mas nem tanto.

1 Comentário:

Claudia Cerqueira disse...

Ah, interessante este port, mas acho que agora é minha vez de intervir (hahaha, já que está na moda ultimamente, né? :P)!
Este tipo de intervenção do Estado contra a quebra dos bancos não é apenas uma questão de proteger os ricos e que se danem os pobres, ver as coisas desta forma é deveras simplista!!!
Quem conhece a história da crise de 29 sabe muito bem que os EUA se ferraram grande, e o resto do mundo nem se fala! Há uma máxima em economia que diz "quando os EUa espirram, o resto do mundo tem uma febre".
Assim, evitar que estes bancos gigantes quebrem é também uma forma de proteger todos os outros países. E todos sabem: se um país como o Brasil entra em crise, a parcela da população mais atingida é, sem sombra de dúvida, a grande camada de pobres existente.
Ah, claro, também seria descuido meu não deixar claro que há, obviamente, interesses políticos e econômicos em jogo. Contudo, isso não representa dizer que os "neoliberais" -- como a galera da esquerda adora rotular! -- não tenham visões sociais. Um crise mundial é uma coisa muito grave e que atinge diversos âmbitos!
Além do mais, o pai do Liberalismo Econômico, John Stuart Mill, foi um dos mais importantes economistas políticos em se tratando de reformas sociais. Bem, acho que é interessante também dizer que liberalismo não está atrelado ao capitalismo, embora viva dentro dele! O que prega esta escola não é o lucro, e sim eficiência. ;)

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