sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Guillermo del Toro e suas criaturas mitológicas

O diretor mexicano Guillermo del Toro, que dirige o filme "O Hobbit" em parceria com o neozelandês Peter Jackson, anunciou nessa sexta que escrverá uma trilogia sobre o universo dos vampiros em parceria com o romacista Chuck Hogan.

Del Toro é conhecido justamente por suas figuras mitológicas e pelo clima sombrio de seus filmes. Ele ganhou grande repercussão com o filme "O Labirinto do Fauno", lançado em 2006, porém, seu primeiro filme "Cronos" de 1992 já havia sido muito elogiado pela crítica. Ele dirigiu ainda os filmes "A Espinha do Diabo" de 2001, "Hellboy" de 2004 e sua sequência "Hellboy 2" lançado este ano, entre outros de menor repercussão.




Análise do Filme "El Laberinto del Fauno" (2006)

ATENÇÃO! - Este post contém spoilers!


Há muito não me emocionava tanto com um filme. Ele funciona tanto pela metáfora da inocência que todos nós perdemos ( ou a qual temos de nos agarrar para sobreviver), quanto pelo retrato da época e cenário em que o filme se passa , ao fim da Guerra Civil Espanhola em 1944.


É interessante notar que Ofélia se torna uma heroína e ícone da fantasia justamente pelo que tem de mais humana: a imperfeição, a curiosidade, os erros que comete para aprender e tentar encontrar o caminho da fantasia.


Em sua busca, seu caráter humano vai se moldando juntamente com a mente fantasiosa e é nisso que reside a força de Ofélia enquanto alegoria da humanidade.
Afinal, quantos de nós acreditam que é preciso abrir mão da vida humana (morrer) para alcançar a vida em palácios aconchegantes ao lado de um rei paternal e justo e uma rainha maternal e bondosa (céu)?


A atuação da menina Ofélia (interpretada por Ivana Baquero) é louvável justamente pela realidade que consegue passar da mente cheia de fantasia que uma criança de dez anos tem, mesmo em tempos de horror e guerra como o que vive a Espanha sob o domínio do ditador Franco.


O fauno (Doug Jones) simboliza o elo entre o pai no reino subterrâneo e a vida humana da qual a menina tenta constantemente fugir. E assim como acontece com as pessoas, "não se pode confiar em tudo aquilo que um fauno diz".


A empregada Mercedes tem uma influência fortíssima sobre a menina. Enquanto o Capitão Vidal (Sergi López) “pai” da menina mostra o pior lado que existe entre os homens( sendo até mesmo mais sombrio que os monstros), Mercedes (Maribel Verdú) faz o papel contrário (já que Carmen a mãe da menina é oprimida, não consegue lutar e acaba morrendo) de mostrar que existem também as pessoas boas, que lutam por uma vida melhor e mais justa (muitas vezes também de forma violenta), contra a tirania de homens como Vidal.


Mesmo assim ela tem uma vida dupla, como a de Ofélia: enquanto trabalha para o capitão Vidal durante o dia, auxilia seu irmão Pedro e os demais guerrilheiros revolucionários durante a noite levando comida, medicamentos e cartas ao esconderijo destes no bosque.


Por fim, o sacrifício de Ofélia ao defender o irmão recém nascido, entregando sua vida ao frio capitão Vidal para que seu irmão possa viver e “abrindo mão” do reino subterrâneo é digno de ser considerada uma das seqüências mais belas da história do cinema e dignas das histórias de conto de fadas de que Ofélia tanto gostava.

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