quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Babaca, mas sempre do mesmo lado!

Na inauguração do campus avançado da Universidade Federal do Ceará o presidente Lula afirmou que os críticos do ProUni (programa do Governo Federal para a educação superior) são "babacas".
O ProUni na verdade é um novo nome, uma nova roupa, para a Reforma Universitária, que visa privatizar o ensino superior do país e foi barrada pela luta dos estudantes em 2006.
Quem acompanhou a luta dos estudantes e conhece o teor do ProUni, sabe que o projeto é na verdade uma tentativa de salvar os tubarões do ensino (donos de universidades) e livrar o estado da função de garantir a educação gratuita, pública e de qualidade para todos.
O projeto garante a "compra" das vagas em universidades privadas, mediante pagamento pelo governo de meia bolsa para estudantes carentes. Na prática é o desvio do dinheiro público para instituições privadas que não garantem um ensino de qualidade e ainda escolhem os cursos que os estudantes carentes farão.
Outra questão interessante é que os "contemplados" com a bolsa do ProUni precisam trabalhar aos fins de semana no programa Escola da Família para garantir o benefício. Além disso, muitas vezes precisam trabalhar na própria universidade para pagar a outra parte da mensalidade, que ainda é muito cara para as estudantes carentes.
É interessante que Lula, que num passado longínquo foi um trabalhador, preste esse desserviço ao usar os estudantes como escravos, sem nenhum direito, aos fins de semana (enquanto poderia contratar trabalhadores para esse serviço), e garanta a sobrevivência dos tubarões do ensino usando dinheiro público para comprar vagas em instituições privadas, tudo de uma só vez.
E o presidente ainda tem a coragem de dizer que nós, estudantes, lutadores, e conscientes de que o governo escolheu um lado, o dos donos de universidades somos babacas. Podemos ser babacas, mas sempre defendemos a mesma classe: a dos trabalhadores e estudantes! Já Lula...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Amy Winehouse: fulgurante e fugaz

Conhecida tanto por seu talento na música como por seus problemas com as drogas e confusões, a cantora Amy Winehouse, 24 anos, foi internada mais uma vez em uma clínica de reabilitação.
A cantora foi para um clínica em Suffolk, próxima a prisão em que seu marido Blake Fieder-Civil cumpre pena.
Amy já se envolveu em confusões como agressões a fãs, internações para tentar se livrar do vício, e até um vídeo em que foi flagrada fumando crack. No entanto coleciona a mesma quantidade de shows, prêmios e milhões em sua conta bancária.
Na inauguração de sua estátua no museu de cera Madame Tussauds, seu pai Mitch Winehouse chegou a dizer que levaria a estátua e deixaria a filha, tudo por conta de sua personalidade autodestrutiva.
Mas o talento de Amy é indiscutível. Quando a vemos cantando nos lembramos automaticamente das estrelas dos anos 60, período em que o lema sexo, drogas e rock'n roll era seguido a risca por artistas talentosos e problemáticos como Amy: Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin...
Devemos aproveitar e extrair de Amy tudo o que conseguirmos, enquanto ela puder cantar; assim como as estrelas cadentes, a cantora é fulgurante, mas fugaz.

Impressões do albúm "Back to Black" (2006)


1- Rehab - A abertura do albúm vem com esta música dançante e ao mesmo tempo triste, a cantora combina a batida soul com a letra em que nega estar mal, diz que não perderá tempo em internações e mostrará a todos como está bem;
2 - You know I'm no good - Nesta música afirma ter avisado não ser uma menina boazinha e retrata um relacionamento cheio de descaso e problemas. As batidas de bateria, o baixo e os instrumentos de sopro passam a idéia do sofrimento da letra;
3 - Me & Mr. Jones - O ar angelical de baile dos anos 60, inclusive com um coral de vozes femininas, traz uma letra carregada em que afirma: Ninguém fica entre mim e meu homem;
4 - Just friends - Amy canta sobre a necessidade de um relacionamento amigo e pergunta: Quando teremos tempo para sermos apenas amigos? A levada da música é descompromissada, leve, como o relacionamento com amizade;
5 - Back to black - Amy canta o desespero de perder o homem que ama para a ex-namorada, o luto que vive sozinha, morrendo uma centena de vezes. O ar carregado da letra é reafirmado pelo toque suave e estridentes dos instrumentos, seguidos pela batida firme e rápida da bateria;
6 - Love is a losing game - Nessa que é a melhor música do disco em minha opinião, Amy mostra como o amor é apenas um jogo e tudo o que isso envolve. A simplicidade e tristeza da situação é passada pela crueza dos instrumentos;
7 - Tears dry on their own - Essa é a música mais rápida e alegre do disco. Ela diz que suas lágrimas secam sozinhas e que deveria parar de se imaginar transando com caras estúpidos. A bateria e os acordes graves completam a letra;
8 - Wake up alone - Traz uma bela letra em que diz que acordará sozinha mas sonhará com seu homem e ele nadará em seus olhos (bela analogia). A música é ritmada dando sensação de solidão e o coro dá a idéia dos sonhos;
9 - Some unholy war - O baixo dá o tom da música, novamente as vozes de fundo passam a idéia de tragédia e inevitabilidade e a letra fala sobre lutar ao lado de seu homem em uma guerra pagã;
10 - He can only hold her - A música que fecha o albúm (na versão simples) é a mais leve e fala sobre o envolvimento entre os corpos enquanto seus sentimentos estão em outro lugar. A música confirma o tom leve através de instrumentos de sopro.

O albúm no geral é muito bom (Nota 9/10) e vale cada segundo dos parcos 31 minutos gastos para ouvi-lo. No final fica aquele gostinho: fulgurante e fulgaz!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Começa o horário eleitoral

As 13h de hoje teve início o horário eleitoral gratuito. Nesse primeiro programa foram apresentados os candidatos a vereador de cada município.
Aqui em São José dos Campos o que vemos é aquela velha história do coronelismo, dos padrinhos políticos e dos candidatos que só dizem "sim senhor" ao que aí está.
Com o início do horário eleitoral, essa que é uma das campanhas mais apagadas que já presenciei, deve começar também as promessas que serão esquecidas, aquelas que já são impossíveis de cumprir, e todo tipo de artifício para ludibriar os eleitores e garantir as benesses que os mandatos propiciam.
O cargo do vereador existe na verdade para fiscalizar o que acontece na prefeitura. Entretanto, o que vemos é uma troca: os vereadores aprovam os projetos da prefeitura, aliviam a fiscalização e, com isso, indicam parentes para cargos de confiança, convencem o prefeito a fazer alguma obra no bairro para mostrar à população...
Infelizmente a barganha política é uma realidade nessas eleições; exatamente como vinte anos atrás ainda existem os currais em que os vereadores buscam seu "gado" para votar.
Nestas eleições podemos ver claramente dois projetos para a cidade: um é o que está aí; a saúde vivendo um caos, o transporte público caro e de baixa qualidade, a educação em crise. Esse projeto é dirigido por dois candidatos "super-heróis", que sozinhos prometem acabar com os problemas da cidade.
O outro projeto não é a garantia de resolução desses problemas dentro da lógica que existe, mas, a garantia de muitas lutas para mudar o que esta aí. Esse projeto é o único possível; justamente por ser o mais "utópico" é o mais real. Afinal como diziam as pichações nos muros de Paris em 1968: "Sejamos realistas, exijamos o impossível".

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Dor, superação e recordes nas Olimpíadas


Apesar de achar as Olímpiadas um grande negócio que se submete a lógica do capital e não fazer parte dos fanáticos por esporte, com toda a exposição que a mídia dá aos jogos, não é possível escapar de ao menos uma espiada nos atletas.
Nesta segunda-feira presenciei algumas imagens que podem entrar para a história dos jogos.
Primeiro a russa Yelena Isinbayeva luta contra sua própria marca, contra seu próprio limite e consegue no salto com vara alcançar a incrível marca de 5,05m. Conseguiu apenas na última tentativa e ao ser questionada sobre qual seria seu limite respondeu: "I have no limit. The sky is my limit." (Eu não tenho limite. O céu é meu limite).
Para quem viu a russa abrir um largo sorriso logo após concluir o salto realmente fica a dúvida: Haverá um limite para Isinbayeva?
Na mesma prova vimos a brasileira Fabiana Murer muito irritada com o sumiço de uma vara sua, justamente a que usaria para saltar os 4,55m, ainda longe de sua melhor marca de 4,80m. Tentou parar a prova, questionou sobre o destino da vara e, após a terceira tentativa frustrada, chorou copiosamente por ficar apenas em décimo lugar. A vara foi encontrada por acaso junto ao material das atletas eliminadas na noite de hoje.
Mas a imagem mais marcante desta segunda-feira foi protagonizada pelo chinês Liu Xiang, atleta que disputava a prova dos 110m com barreiras. O governo chinês já havia dito que qualquer resultado que não fosse a medalha de ouro não seria "tolerado". Visivelmente sem condições devido a uma lesão no pé, o atleta chegou a se aquecer e se posicionar.
No entanto assim que foi dada a largada os torcedores chineses assistiram atônitos o atleta se retirar cabisbaixo. Os chineses se retiraram do estádio juntamente com Liu Xiang que, mancando e abalado, se retirou para os bastidores sem ouro, mas com a certeza de que lutou contra seus próprios limites.

domingo, 17 de agosto de 2008

Dorival Caymmi parte nos braços de Iemanjá


O cantor, compositor e pintor Dorival Caymmi morreu na manhã deste sábado de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos em seu apartamento no bairro de Copacabana enquanto dormia, aos 94 anos.
Caymmi lutava há nove anos contra um câncer nos rins mas a família afirma que seu estado se saúde piorou quando a esposa Stella Maris, com quem é casado há 66 anos, foi internada há quatro meses e se agravou ainda mais há dez dias, quando Stella entrou em coma.
Teria Caymmi "morrido de amor" por falta da esposa e companheira Stella Maris? Seria um desfecho belo, justamente por ser simples e discreto, como é marca em suas músicas.
Sua obra é relativamente pequena (possui pouco mais de cem músicas), mas, cada uma delas foi concebida tal qual um diamante: calmamente ele extraia a pedra bruta e, com movimentos precisos, a lapidava deixando apenas o necessário.
Muitos já contaram histórias sobre as músicas que Dorival levava anos para terminar. Pois foi a mesma calma com que produziu suas obras, que o permitiu morrer calmamente enquanto dormia e sonhava pela última vez com Iemanjá a pegar suas mãos e levá-lo para o mar que amava e exaltava em suas canções, afinal: "É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar".

Estréia do blog Jornal Casal

A partir de hoje, 17/08 passaremos a postar diariamente análises de filmes, livros e álbuns, além de comentários a respeito das notícias diárias.
Inicialmente postaremos sobre livros "antigos" que já lemos, filmes "antigos" que já assistimos, e álbuns "antigos" que já ouvimos. Após "colocar a casa em ordem" passaremos também a fazer análises dos lançamentos culturais.
Espero que as postagens de nossa equipe agradem a vocês e que encontrem aqui um apoio para comentários, críticas, sugestões e muito bate-papo!

Um grande abraço!

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