Ensaio sobre a cegueira: estaríamos todos cegos?
Análise do filme "Ensaio sobre a cegueira" (2008)
ATENÇÃO - Esse post contém spoilers!
Em seguida outras pessoas que tiveram contato com ele começam a ficar infectados com a epidemia. Incluindo sua esposa, um ladrão que rouba seu carro, um médico (Mark Ruffalo) que o trata. Sem saber como conter a epidemia, o governo da cidade fictícia os manda para um antigo hospício, onde ficam encarcerados e cegos como forma de tentar conter a doença.
Somente uma pessoa não é afetada pela cegueira coletiva: a esposa do médico (Juliane Moore). Ela serve como alegoria das pessoas que, mesmo com toda o disfarce criado pelos governantes e grandes corporações, conseguem enxergar o que realmente acontece, a dinâmica que controla a sociedade.
Em meio ao caos do hospício, surge o personagem de Gael García Bernal, que se proclama rei da ala 3 e inicia um período de terror dentro do hospício. Cobrando jóias, dinheiro e até mesmo favores sexuais das mulheres para garantir comida a todos, sempre utilizando sua arma para garantir que todos sigam suas ordens.
O preconceito existente na sociedade, perdura mesmo com todos vivenciando aquele momento de crise. Isso fica explícito na cena em que um personagem afirma que o rei que os rouba é negro. Na verdade o negro é quem o está ajudando a atravessar toda a ala enquanto o "vilão" é branco.
A cena em que as mulheres são estupradas na ala 3 em troca de comida é revoltante...você realmente sente a dor das mulheres pelo clima sombrio e carregado na tela do cinema. O incômodo causado pela cena faz com que a pessoa se contorça na cadeira, tamanha a realidade expressa de forma subjetiva, mas marcante.
A brutalidade da cena do estupro contrasta com a sutileza da cena de amor entre o médico e a protituta (Alice Braga). Ao contrário da cena escura, carregada, apesar da cegueira de ambos a cena é clara e tranquila, mesmo quando a esposa do médico os flagra fazendo amor, entende a ligação de ambos e até revela seu segredo a prostituta.
Quando a mulher do médico assassina o rei da ala 3 e dirige a revolta que os liberta do hospício o que vemos é ainda mais deprimente: milhares, milhões de pessoas cegas lutando pela sobrevivência em uma cidade marcada pelo caos.
O papel solitário da mulher do médico nos abre uma série de questionamentos. Afinal ela fica responsável por todo um hospício cheio de cegos e é a única a enxergar, ou será que ela era a cega entre pessoas que enxergavam perfeitamente?
Nota: 9/10
1 Comentário:
Você acredita que eu ainda não assisti esse filme? E desde o dia que estreou que eu estou louca para ir. E o pior é que aqui em SP está em cartaz até agora. Preciso criar vergonha na cara e ir logo, antes que saia dos cinemas e eu tenha que esperar o DVD.
Muito bom o blog, bem-feitinho e tudo o mais! Continuem assim que está ótimo!
E qdo puder, checa meu podcast, sim?! É www.cadeiraverde.mypodcast.com o endreço.
Beijos :*
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