quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Extração de madeira destrói solo e deixa mil e quinhentas pessoas sem água em São José dos Campos


São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, a 138 km de São Paulo, é conhecido pela preservação ambiental, por suas lindas quedas d'água e pela tranqüilidade em que os cerca de três mil habitantes vivem. Tudo isso foi arrancado da população na última semana.

O empresário Walter Cerigatto Costa, proprietário da Fazenda Mandala, conduzia há cerca de dez anos um próspero negócio de extração de madeira, porém o empresário violou a Código Florestal e extraiu madeiras em áreas que não podia e em quantidade maior do que deveria. Isso gerou uma grande erosão que soterrou dez nascentes, inclusive a do Rio das Couves, responsável pelo abastecimento de água do distrito.

Os moradores ficaram sem água, nos dias 1º e 2 deste mês e até hoje, dia16, o abastecimento tem sido realizado através de caminhões-pipa que vão diariamente levar água para a população do local.

Em um distrito responsável por quase 30% da área de São José dos Campos, em que mais de 300 km2 são de Área de Preservação Ambiental por serem parte da Mata Atlântica original, um único empresário, dono de 660 hectares (cerca de 7 km2), conseguiu acabar com a água de toda a população, em um processo que parece ser irreversível.

As árvores que o empresário extraia são do tipo pinnus elliottis, comercializada em larga escala para extração de resina e utilização da própria madeira para confecção de móveis ou produção de celulose e papel, por exemplo. Durante muitos anos a extração dessa madeira foi impedida por leis e resistência popular. Dessa forma, a antiga proprietária do terreno perdeu o interesse em mantê-lo e o vendeu ao empresário. Foi aí que a história mudou.

Walter adquiriu a área porque “gostaria de proteger os recursos naturais” e “seu sonho era ajudar a preservar a natureza”, impediu o acesso da população à Cachoeira das Couves, principal fonte de água do distrito e causou esse desastre com a extração da madeira.

Em seguida o empresário iniciou um lobby entre os órgãos que deveriam proteger os recursos naturais até conseguir a liberação para extrair a madeira através do processo 069945/01 do DEPRN, Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais, órgão ligado a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Os pinus ficaram ali por muitos anos e hoje não existe a possibilidade de extraí-los sem comprometer os sub-bosques, os últimos resquícios da Mata Atlântica.

Os moradores se revoltaram e acabaram organizando manifestações em repúdio a expansão da exploração desenfreada capitalista no distrito, personificada em Walter. Apesar dos processos legais que incluem denúncias da relação promíscua entre este e membros dos órgãos responsáveis pela licença para extrair a madeira, a população segue mobilizada para tentar barrar essa e outras tentativas de lucrar com a natureza de São Francisco Xavier.

O empresário deve ser punido e o terreno tem que ser desapropriado e incluído na Área de Proteção Ambiental, através da transformação em Unidade de Conservação de Proteção Integral. Isso porque o terreno não cumpre nem a função social da propriedade expressada na Constituição Federal e, considerando os diversos e importantes recursos naturais da área, essa seria a única saída.

Fica cada vez mais claro que somente com o fim do capitalismo a natureza poderá servir para garantir a vida do homem e não para satisfazer seus caprichos, deixará de ser uma mercadoria para ser vista como algo vital para nossa existência na Terra. Não existe maneira de proteger a natureza dentro da lógica capitalista.

Por isso devemos levar nossa luta até o fim. Lutar pela socialização dos meios de produção, pelo fim da exploração do homem pelo homem, pelo fim da opressão às mulheres, negros, homossexuais, pela preservação da natureza, lutar pelo socialismo.

3 Comentários:

Denis Ometto disse...

Olá, mais uma vez quero parabenizar os dois pelo blog. Está cada vez melhor e com certeza terá vida longa.

Quanto à matéria de São Francisco, é inacreditável que eles, que vivem em cima de um grande manancial, tenham que tomar a mesma água podre do Rio Paraíba que a gente é obrigado a engolir aqui em SJC. Ou comprar água engarrafada. Coisas do capitalismo.

Infelizmente, precisou chegar a esse ponto. A dúvida que tenho é se, com tudo isso, a população local vai tomar vergonha na cara e se mobilizar prá valer ou vai só ficar nessa de por fotografia em poste e fazer fofoca.

Aliás, muitos ali, mesmo sabendo que o cara era no mínimo mal intencionado, puxaram o saco dele o quanto pode. Fizeram associação de turismo, deixaram o infeliz mandar na cidade e até apoiar vereador. Alguns foram agraciados com migalhas. Onde estariam esses vermes agora?

E obviamente, a terra em questão não está atingindo sua função social. Muito pelo contrário! Logo, a solução mesmo é desapropriá-la, para que os recursos naturais sejam colocados à disposição de todos.

Enquanto isso não ocorre, a população deve ocupá-la desde já. Fica a sugestão.

Se precisarem de ajuda, contem comigo.

Anônimo disse...

De fato os dois estão de parabéns pela reportagem, afinal de contas é do casal, nota 10 pra vcs!


É isso mesmo, só com o fim do capitalismo é que conseguiremos preservar o pouco que resta de toda a nossa biodiversidade, incluindo as nossas presentes aqui como nossas águas que são a maior riqueza que alguém no Mundo possa desejar, enquanto a mídia e o Governo Tucano da cidade estão abafando porque sabem que este Walter Ladrão é mais um metido a magnata, e o que ele nem imagina é que esta droga de dinheiro acumulada em bancos não são nada quando ele morrer, pois só vai servir pra manter a luxuria de pessoas que o deseja vem morto enterrado e fedendo embaixo da terra, os interesseiros que estão nesta máfia devem ser punidos!


Desapropriar as terras Agora!


Dona Aranha

Irineu disse...

E hj 3m dia como esta

Postar um comentário

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO